quinta-feira, maio 18, 2006

Carrilho (crónica Pernes)

De seguida, transcrevo a crónica que fiz para a Rádio Pernes e que foi transmitida no dia 15 de Maio.

Quando vemos um miúdo com mau perder pensamos que é porque é um pouco mimado, porque não está habituado a perder e até desculpamos, afinal é uma criança e nós queremos acreditar que com a idade ele irá crescer e essa característica vai ficar perdida algures na infância.
Mas quando encontramos um adulto com esta característica e que ainda por cima tem uma posição de algum relevo na sociedade estamos perante uma situação complicada. Pois um adulto que pelas funções que desempenha está sujeito ao escrutínio público e que tem mau perder é alguém que se pode tornar muito desagradável.
Foi exactamente isso que Manuel Maria Carrilho conseguiu esta semana. Depois de a população alfacinha lhe ter dito que não confia nele para ser presidente da câmara da capital, ele vem mostrar que não tem respeito por ninguém.
Não tem respeito pelos adversários, não tem respeito pela comunicação social, nem pelo voto do público.
Sob o signo da verdade, o nome do livro onde Manuel Maria Carrilho vem lavar a roupa suja, é uma análise pessoal, que, enquanto tal, tem o valor que tem. No entanto, uma análise pessoal difere em muito de ataques pessoais a todas as pessoas que, num momento ou noutro, da campanha para as autárquicas não concordaram com o deputado.
Uma pessoa que se apresenta ao público e que se submete a este tem que estar preparada para ouvir opiniões menos agradáveis.
Mas uma pessoa que se apresenta com a família e tenta fazer uma campanha política toda ela baseada na mulher e no filho, que até já diz “papá”, tem que estar preparada para ser completamente cilindrada pelos seus adversários e pelos comentadores.
Na minha opinião nem sequer foi isso que aconteceu e até penso que ambas as partes acusadas de injustiça para com o candidato foram brandas na sua abordagem, o que me deixa a pensar sobre qual seria a dimensão da birra se a campanha tivesse sido um pouco mais agressiva.
Depois, Carrilho volta a trazer a lume episódios dos quais já ninguém falava tais como o famoso aperto de mão que não chegou a acontecer.
Este remexer das águas, só faz com que a sua imagem, que não saiu incólume das autárquicas, volte a ser lembrada pelos piores motivos.
Basicamente, Carrilho dispara em todas as direcções possíveis e imaginárias, numa tentativa ridícula de sacudir a água do capote e de tentar desviar as atenções do seu fracasso político.
Porém, parece que este filósofo não é estratega, pois o tiro saiu-lhe completamente pela culatra e seis meses depois vem reavivar na memória de todos o mau feitio que demonstrou durante a carreira política sempre que os acontecimentos não lhe corriam de feição.
O ex-ministro da cultura aderiu ao sensacionalismo barato e deu à população de Lisboa a melhor prova de que o voto em Carmona Rodrigues foi realmente a melhor opção.

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