quinta-feira, julho 14, 2005

Telefonemas inéditos

Depois da simpática senhora que me disse para dirigir o fax ao fax, trago-vos mais um telefonema inédito que aconteceu quando eu estava a ligar para um Centro de Estágio para pedir o número de fax.
Ana: Boa tarde...(interrompida abruptamente)
Senhor: Boa tarde menina, então diga lá se faz favor.
Ana (meio atarantada com a simpatia): eu estou a ligar (daquele sítio) e precisava do vosso número de fax.
Senhor: Concerteza menina, é só um bocadinho. Então queira apontar, é o 2xx xxx xxx. É só isso menina?
Ana: É sim, muito obrigada.
Senhor (cada vez mais animado e simpático): Ora essa menina, de nada.
Ana: Então boa tarde.
Senhor (agora em êxtase total): Boa tarde menina...olhe...e VIVA O SPORTING!

Tenho que salientar que eu não estava a ligar para a Academia de Alcochete.
Portanto, nem tudo é mau, apesar de apanhar umas cabras que não tinham tomado a dose de valium da manhã, ainda consigo apanhar outras pessoas bem simpáticas, divertidas e como o extremo bom gosto de serem do Sporting Clube de Portugal!

domingo, julho 03, 2005

Maior que o seu tempo


António é como os Humanos lhe chamam. O seu apelido é Ribeiro, ainda que todos o conheçamos por Variações.
A crítica musical não é, nem de perto nem de longe, a minha especialidade. Felizmente para todos nós, essa não é a minha intenção. Porém, da mesma forma que me acho no direito de criticar o que bem entendo, sinto-me também no dever de elogiar o que há de positivo, principalmente quando é algo muito bom completamente made in Portugal.
Na passada quarta-feira tive a oportunidade de assistir ao espectáculo dos Humanos, que, para quem não sabe, é um grupo constituído por sete músicos de diferentes proveniências a quem foram entregues várias letras inéditas (umas musicadas outras não) de António Variações. Uma verdadeira relíquia.
“Um músico à frente do seu tempo” é uma das frases que mais vezes é usada para descrever este artista e, ainda que pareça um cliché absolutamente banal, é a mais pura das verdades.
O António morreu em 1984, com 34 anos. A sua curta carreira permitiu-lhe apenas a edição de dois álbuns. Ainda assim, é um nome que nunca será esquecido e cuja obra é agora prolongada com este conjunto de músicas.
Os três vocalistas, Manuela Azevedo, David Fonseca e Camané, conseguiram criar uma cumplicidade em palco que os transformou num trio absolutamente fantástico, pelas interpretações que nos deram e pela alma que emprestaram às músicas.
Não houve nenhuma parte do espectáculo em que não reconhecêssemos a mão inconfundível do António Variações que nos deixou, felizmente, mais letras dentro do género a que tão bem nos habituou, com a originalidade, a ousadia e a intensa criatividade sempre presente.
Sou uma fã da discografia deste artista, mas ainda assim comprei o bilhete com uma atitude algo céptica, claro que acabei por me render às evidências, como aliás todo o Coliseu.
Do reportório fizeram parte as novas músicas, aquelas que o António Variações nunca teve tempo de editar, mas também alguns dos temas mais conhecidos do cantor e outros que, de alguma forma, estão ligadas ao seu universo.
A capacidade de escrita do António é absolutamente fantástica. As letras chegam a ser simples, basta ouvir uma vez para começarmos a trautear, e , no entanto é aí que reside a sua verdadeira beleza.
Sem ter pretensões de fazer poemas complicados, consegue dar-nos, sim porque é uma autêntica dádiva, músicas perfeitas, cheias de significado, divertidas ou mais melancólicas, mas sempre óptimas.
Naquela noite os sons, as luzes, os artistas e as letras faziam um conjunto perfeito capazes de contagiar o público mais heterogéneo que eu já vi, o que constitui a maior prova de que as músicas do António Variações são, não só intemporais, mas também capazes de cativar todas os tipos de pessoas.
Há quem tente enquadrar as músicas deste artista num género musical, ainda que o consenso esteja em dizer que estão entre a música popular e a música sofisticada.
Eu digo que não cabe em nenhuma. O António era grande demais para ser enclausurado, ainda que fosse só num estilo musical.