Este fim-de-semana fui finalmente ver o Código da Vinci.
A curiosidade já apertava e eu não queria deixar que o filme saísse de cartaz sem que eu o tivesse visto.
Eu já tinha lido o livro e portanto, se queria ver o filme é porque tinha gostado da história, mas agora não podia deixar de ir ver como é que aquelas páginas tinham ficado ao serem adaptadas para a tela.
Confesso que estava à espera que mais alguma acção, pois algumas cenas pareceram demasiado paradas.
Isto é estranho, uma vez que a história, ainda que tenha sido abreviada em virtude da transição para um novo meio, era a mesma que foi capaz de me apaixonar e de me fazer ler o livro de quase um só fôlego, sem que tenha notado os tais momentos menos vivos que vi no cinema.
Quanto à narrativa do livro, só posso dizer que me agradou imenso, não só pela forma como ela é contada, mantendo-nos presos da primeira à última página, mas também pela história em si.
Se esta é verdade ou não, é algo que me escapa, mas também me parece que não é aí que reside o cerne da questão, pelo menos para mim, porque é claro que há aí muita gente preocupada em tentar deitar a baixo o livro por esse mesmo motivo.
Mas como estava a dizer, o que realmente me importa é que estamos perante um conto interessante e cativante, com muitos factos históricos ou referências a associações simbólicas que são completamente verdadeiras e que passam ao lado do conhecimento de muitas pessoas, mas que também contém uma série de outras referências que não estão comprovadas e que por isso são postas em causa.
Mas afinal o que é a ficção? Bem, segundo o dicionário é um tipo de literatura que engloba principalmente o romance, a novela e o conto, e que assenta em acontecimentos e/ou personagens criados ou interpretados pela imaginação. Portanto até aqui tudo bem.
Já no que diz respeito à igreja católica, à Opus Dei e a todas as pessoas que, do alto do seu fundamentalismo religioso, se opuseram a esta obra, seja a literária ou a cinematográfica, acho que fizeram um excelente trabalho de promoção destas e que quem vai receber os lucros lhes deve estar muito grato.
Na verdade, e sem retirar o mérito devido ao autor, tenho dúvidas que Dan Brown tivesse alcançado tanto sucesso se não fosse a participação activa dos seus críticos que ao manifestarem-se contra a sua obra só fizeram com que ela se tornasse mais conhecida, deixando mais e mais pessoas com vontade de descobrir os motivos por trás de tanta celeuma.
Quanto à posição do autor, será que ele sai desta história, cheia de episódios de censura, minimamente prejudicado?
Claro que não. Dan Brown tem a saída mais airosa, vantajosa e lucrativa possível.
Tornou-se mundialmente conhecido, viu o Código da Vinci ser editado em mais de 40 línguas, vendendo milhões de cópias, vai ganhar muito dinheiro com a receita de bilheteira do filme e, para além disto tudo conseguiu criar uma excelente rampa de lançamento para o que quer que venha a escrever no futuro e, essencialmente, para os outros livros que até eram anteriores ao Código da Vinci, mas que estavam a precisar de uma alavanca, sendo que um deles já começou a ser adaptado para o cinema.
Esta situação é uma excelente prova de que, quando algo não nos agrada, mas vale ignorar do que estar a fazer um tremendo alarido.
Mas o que acho estranho é que a igreja católica, que é perita em fazer acontecimentos caírem no esquecimento, não saiba esta lição melhor que qualquer um dos outros intervenientes.
segunda-feira, maio 29, 2006
quarta-feira, maio 24, 2006
Bandeira (crónica Rádio Pernes de 22Maio06)
Finalmente aconteceu. Entrei para o Guiness e acredito que é agora que a humanidade me vai dar o valor e reconhecimento que eu mereço… A mim e às restantes mais de 18 mil mulheres que no sábado marcaram presença no Estádio Nacional.
Enfim, delírios aparte a verdade é que estive no Estádio do Jamor para fazer parte do evento intitulado “a mais bela bandeira do mundo”.
Conseguir por em curso uma campanha que põe tanta gente num evento, que tem como intenção promover a imagem das instituições que o pagaram é óptimo, o retorno é garantido.
Mas fazê-lo em torno de um símbolo nacional como a bandeira, apelando ao reacender do sentimento de união que se fez sentir durante o Euro, com uma menção especial às mulheres que já se mostram em força no futebol, foram factores que potenciaram largamente o sucesso deste evento.
Quando eu cheguei a casa e me perguntaram como tinha corrido eu respondi muito sinceramente que o efeito final foi espectacular.
Após fazer o elogio da conclusão, fazia uma pausa e dava a minha opinião acerca da preparação e essa não podia ser pior.
Acredito que controlar uma massa humana daquele tamanho e mantê-la satisfeita deva ser difícil, no entanto conseguir pô-la tão insatisfeita e revoltada deve ser mais outro recorde do guiness.
A divulgação começou bem antes do evento, sendo pedido às pessoas que se registassem através do site. No sábado nada disso valeu.
Simplesmente limitaram-se a fazer entrar as pessoas para o estádio, para depois nos deixarem à espera durante horas e horas a fio.
Se durante o início o público esteve participativo, de certa hora em diante com o cansaço, a saturação e a indignação em alta, o estádio deixou de apoiar para começar a vaiar.
As críticas começaram a ouvir-se e se, por um lado, todas as pessoas tinham razão quando se queixaram da curta aparição da Selecção Nacional que supostamente estava presente para agradecer mas que mostrou grande relutância em deixar-se ver.
Por outro lado não posso deixar de criticar a atitude de muitos dos presentes. É certo que quando uma pessoa fica cansada, saturada e com sede a paciência começa a esgotar-se, mas dificilmente isso servirá como desculpa para muito do que ali se passou, em cuja origem está uma falta de civismo inqualificável.
Desde famílias que levaram consigo os seus bebes de colo, até pessoas que pareciam andar à procura de criar confusão, com um comportamento mais digno de um espectáculo de luta livre do que de um evento de apoio à Selecção.
No entanto, estas tristes atitudes acabam por ir parar à gaveta, porque amanhã é dia de começarmos a torcer pela nossa Selecção, primeiro no Euro com os sub-21 e depois no Mundial com os A’s.
Para aqueles que dizem que temos muitos assuntos como o défice com que nos preocupar eu tenho que concordar, mas a vida não pode ser só problemas e por vezes é necessário mudar de atitude para ganharmos motivação.
Enfim, delírios aparte a verdade é que estive no Estádio do Jamor para fazer parte do evento intitulado “a mais bela bandeira do mundo”.
Conseguir por em curso uma campanha que põe tanta gente num evento, que tem como intenção promover a imagem das instituições que o pagaram é óptimo, o retorno é garantido.
Mas fazê-lo em torno de um símbolo nacional como a bandeira, apelando ao reacender do sentimento de união que se fez sentir durante o Euro, com uma menção especial às mulheres que já se mostram em força no futebol, foram factores que potenciaram largamente o sucesso deste evento.
Quando eu cheguei a casa e me perguntaram como tinha corrido eu respondi muito sinceramente que o efeito final foi espectacular.
Após fazer o elogio da conclusão, fazia uma pausa e dava a minha opinião acerca da preparação e essa não podia ser pior.
Acredito que controlar uma massa humana daquele tamanho e mantê-la satisfeita deva ser difícil, no entanto conseguir pô-la tão insatisfeita e revoltada deve ser mais outro recorde do guiness.
A divulgação começou bem antes do evento, sendo pedido às pessoas que se registassem através do site. No sábado nada disso valeu.
Simplesmente limitaram-se a fazer entrar as pessoas para o estádio, para depois nos deixarem à espera durante horas e horas a fio.
Se durante o início o público esteve participativo, de certa hora em diante com o cansaço, a saturação e a indignação em alta, o estádio deixou de apoiar para começar a vaiar.
As críticas começaram a ouvir-se e se, por um lado, todas as pessoas tinham razão quando se queixaram da curta aparição da Selecção Nacional que supostamente estava presente para agradecer mas que mostrou grande relutância em deixar-se ver.
Por outro lado não posso deixar de criticar a atitude de muitos dos presentes. É certo que quando uma pessoa fica cansada, saturada e com sede a paciência começa a esgotar-se, mas dificilmente isso servirá como desculpa para muito do que ali se passou, em cuja origem está uma falta de civismo inqualificável.
Desde famílias que levaram consigo os seus bebes de colo, até pessoas que pareciam andar à procura de criar confusão, com um comportamento mais digno de um espectáculo de luta livre do que de um evento de apoio à Selecção.
No entanto, estas tristes atitudes acabam por ir parar à gaveta, porque amanhã é dia de começarmos a torcer pela nossa Selecção, primeiro no Euro com os sub-21 e depois no Mundial com os A’s.
Para aqueles que dizem que temos muitos assuntos como o défice com que nos preocupar eu tenho que concordar, mas a vida não pode ser só problemas e por vezes é necessário mudar de atitude para ganharmos motivação.
quinta-feira, maio 18, 2006
Carrilho (crónica Pernes)
De seguida, transcrevo a crónica que fiz para a Rádio Pernes e que foi transmitida no dia 15 de Maio.
Quando vemos um miúdo com mau perder pensamos que é porque é um pouco mimado, porque não está habituado a perder e até desculpamos, afinal é uma criança e nós queremos acreditar que com a idade ele irá crescer e essa característica vai ficar perdida algures na infância.
Mas quando encontramos um adulto com esta característica e que ainda por cima tem uma posição de algum relevo na sociedade estamos perante uma situação complicada. Pois um adulto que pelas funções que desempenha está sujeito ao escrutínio público e que tem mau perder é alguém que se pode tornar muito desagradável.
Foi exactamente isso que Manuel Maria Carrilho conseguiu esta semana. Depois de a população alfacinha lhe ter dito que não confia nele para ser presidente da câmara da capital, ele vem mostrar que não tem respeito por ninguém.
Não tem respeito pelos adversários, não tem respeito pela comunicação social, nem pelo voto do público.
Sob o signo da verdade, o nome do livro onde Manuel Maria Carrilho vem lavar a roupa suja, é uma análise pessoal, que, enquanto tal, tem o valor que tem. No entanto, uma análise pessoal difere em muito de ataques pessoais a todas as pessoas que, num momento ou noutro, da campanha para as autárquicas não concordaram com o deputado.
Uma pessoa que se apresenta ao público e que se submete a este tem que estar preparada para ouvir opiniões menos agradáveis.
Mas uma pessoa que se apresenta com a família e tenta fazer uma campanha política toda ela baseada na mulher e no filho, que até já diz “papá”, tem que estar preparada para ser completamente cilindrada pelos seus adversários e pelos comentadores.
Na minha opinião nem sequer foi isso que aconteceu e até penso que ambas as partes acusadas de injustiça para com o candidato foram brandas na sua abordagem, o que me deixa a pensar sobre qual seria a dimensão da birra se a campanha tivesse sido um pouco mais agressiva.
Depois, Carrilho volta a trazer a lume episódios dos quais já ninguém falava tais como o famoso aperto de mão que não chegou a acontecer.
Este remexer das águas, só faz com que a sua imagem, que não saiu incólume das autárquicas, volte a ser lembrada pelos piores motivos.
Basicamente, Carrilho dispara em todas as direcções possíveis e imaginárias, numa tentativa ridícula de sacudir a água do capote e de tentar desviar as atenções do seu fracasso político.
Porém, parece que este filósofo não é estratega, pois o tiro saiu-lhe completamente pela culatra e seis meses depois vem reavivar na memória de todos o mau feitio que demonstrou durante a carreira política sempre que os acontecimentos não lhe corriam de feição.
O ex-ministro da cultura aderiu ao sensacionalismo barato e deu à população de Lisboa a melhor prova de que o voto em Carmona Rodrigues foi realmente a melhor opção.
Quando vemos um miúdo com mau perder pensamos que é porque é um pouco mimado, porque não está habituado a perder e até desculpamos, afinal é uma criança e nós queremos acreditar que com a idade ele irá crescer e essa característica vai ficar perdida algures na infância.
Mas quando encontramos um adulto com esta característica e que ainda por cima tem uma posição de algum relevo na sociedade estamos perante uma situação complicada. Pois um adulto que pelas funções que desempenha está sujeito ao escrutínio público e que tem mau perder é alguém que se pode tornar muito desagradável.
Foi exactamente isso que Manuel Maria Carrilho conseguiu esta semana. Depois de a população alfacinha lhe ter dito que não confia nele para ser presidente da câmara da capital, ele vem mostrar que não tem respeito por ninguém.
Não tem respeito pelos adversários, não tem respeito pela comunicação social, nem pelo voto do público.
Sob o signo da verdade, o nome do livro onde Manuel Maria Carrilho vem lavar a roupa suja, é uma análise pessoal, que, enquanto tal, tem o valor que tem. No entanto, uma análise pessoal difere em muito de ataques pessoais a todas as pessoas que, num momento ou noutro, da campanha para as autárquicas não concordaram com o deputado.
Uma pessoa que se apresenta ao público e que se submete a este tem que estar preparada para ouvir opiniões menos agradáveis.
Mas uma pessoa que se apresenta com a família e tenta fazer uma campanha política toda ela baseada na mulher e no filho, que até já diz “papá”, tem que estar preparada para ser completamente cilindrada pelos seus adversários e pelos comentadores.
Na minha opinião nem sequer foi isso que aconteceu e até penso que ambas as partes acusadas de injustiça para com o candidato foram brandas na sua abordagem, o que me deixa a pensar sobre qual seria a dimensão da birra se a campanha tivesse sido um pouco mais agressiva.
Depois, Carrilho volta a trazer a lume episódios dos quais já ninguém falava tais como o famoso aperto de mão que não chegou a acontecer.
Este remexer das águas, só faz com que a sua imagem, que não saiu incólume das autárquicas, volte a ser lembrada pelos piores motivos.
Basicamente, Carrilho dispara em todas as direcções possíveis e imaginárias, numa tentativa ridícula de sacudir a água do capote e de tentar desviar as atenções do seu fracasso político.
Porém, parece que este filósofo não é estratega, pois o tiro saiu-lhe completamente pela culatra e seis meses depois vem reavivar na memória de todos o mau feitio que demonstrou durante a carreira política sempre que os acontecimentos não lhe corriam de feição.
O ex-ministro da cultura aderiu ao sensacionalismo barato e deu à população de Lisboa a melhor prova de que o voto em Carmona Rodrigues foi realmente a melhor opção.
quinta-feira, maio 11, 2006
A solidariedade é muito bonita - parte II
Realmente a solidariedade é muito bonita mas quando temos alguma projecção e quando conseguimos ter proveito de uma acto tão abnegado.
Ultimamente tenho visto, lido e ouvido algumas notícias que me têm dado a volta ao estômago, como esta. O motivo não é a notícia em si, claro está, e até louvo o acto de apoiar as Aldeias SOS.
No entanto, ainda me lembro disto e de quando andei a tentar angariar apoios para o mesmo projecto fora da FPF porque a direcção foi a primeira a dizer que não dava nada.
No entanto, agora que as câmaras da televisão e as objectivas dos fotógrafos estão voltadas naquela direcção já se ouve o Sr. Presidente a dizer que sente uma enorme honra em associar-se a este projecto e que até vão oferecer 5000 euros. Sr. Presidente, esta é só para si: BULLSHIT!
É verdade que mais vale tarde do que nunca, mas a hipocrisia e a vontade de aparecer na televisão por tudo e por nada enoja-me.
Ultimamente tenho visto, lido e ouvido algumas notícias que me têm dado a volta ao estômago, como esta. O motivo não é a notícia em si, claro está, e até louvo o acto de apoiar as Aldeias SOS.
No entanto, ainda me lembro disto e de quando andei a tentar angariar apoios para o mesmo projecto fora da FPF porque a direcção foi a primeira a dizer que não dava nada.
No entanto, agora que as câmaras da televisão e as objectivas dos fotógrafos estão voltadas naquela direcção já se ouve o Sr. Presidente a dizer que sente uma enorme honra em associar-se a este projecto e que até vão oferecer 5000 euros. Sr. Presidente, esta é só para si: BULLSHIT!
É verdade que mais vale tarde do que nunca, mas a hipocrisia e a vontade de aparecer na televisão por tudo e por nada enoja-me.
Subscrever:
Mensagens (Atom)