domingo, maio 02, 2004

25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!

Permitam-me q vos relate um belo momento familiar que se passaou no sábado ao início da noite.
Estava a família quase toda (sim, porque a minha irmã já nos tinha trocado pela internet-não a censuro) reunida na sala em torno da caixinha mágica a ver o fim do telejornal da SIC e a comentar como a informação da TVI é má (é o equivalente a conversa de elevador).
O telejornal acaba e começa o genérico da telenovela. A mãe bate três palminhas em sinal de contentamento e o pai, em sinal de respeito por todas nós, muda para a RTP1. Neste canal, em virtude de ser o 1 de Maio, estavam a passar imagens do 1º dia do trabalhador.
Estava o Mário Soares a fazer um inflamado discurso quando o pai diz "Eu estava lá!"
Mário Soares - permitam-me que me vire para Álvaro Cunhal e...
Ana - lhe dê um beijo na boca, não acredito!
Soares - ...o cumprimento por ter sido um grande resistente anti-fascista!
Mãe - oh Zé deixa lá ver a telenovela, ainda por cima é este parvo que está a falar (claramente à beira do desespero por estar a perder o ínicio do episódio).
Ana, em sinal de solidariedade com a Mãe - sim pai, vá lá, muda lá isso!
Como o Pai fazia de conta que não nos ouvia a Avó decidiu juntar o seu apelo:
Avó - ainda se fosse alguém de jeito...mas é este baboso!
Mãe, farta da situação - vou ver a telenovela para a outra televisão. Levanta-se e sai de cena.
Ana - bem vou para o meu quarto ver televisão.
A Avó deixou-se ficar sentada, de qualquer forma deve ter adormecido em cinco minutos.

O que é que podemos concluir desta história?
*Na minha casa há várias televisões, o que é bastante bom pois nunca nos entendemos;
*Cá em casa todos desprezamos o bochehas, bem como qualquer membro daquela família. É quase uma tradição nossa;
*O Pai era um gajo novo quando foi o 25 de Abril, por isso como todos os jovens daquela altura rejubilou com o fim da ditadura. Chega-se mesmo a contar a história de que ele fez parte do PCTP/MRPP (não se preocupem, mais tarde passou-lhe). É um grande democrata...quando está fora de casa e os assuntos não envolvem o telecomando;
*O Pai faz ouvidos moucos às reinvidicações do proletariado.

Questão final: quando é que o 25 de Abril chega cá a casa e passamos a tomar as decisões de uma forma democrática? A primeira medida altamente democrática deveria passar por proíbir, a bem da Nação, o pai de tocar em qualquer telecomando.

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